No 38º aniversário do 25 de Abril, varias figuras e entidades estão a recusar-se a participar nas comemorações oficiais da efeméride com o argumento que este governo e esta política são contrários ao espírito de Abril.
Eu também penso que são.
No entanto, não participar nas comemorações é não marcar presença onde poderemos efetivamente dizer que defendemos Abril e que há quem não o faça.
Passados 38 anos, muitos de nós acreditam que o rumo que este País tomou não está a cumprir Abril mas também é verdade que não é apenas este ano que o sentimos.
E em 2011 estávamos?
E em 2010 estávamos?
Contrariamente a ideias que um conjunto de fazedores de opinião mais ou menos alinhados com o poder dominante vai fazendo passar, os problemas que temos e que sentimos não derivam do 25 de Abril mas, pelo contrário, derivam dos desvios ao projeto de Abril que tem vindo a ser distorcido, delapidado e amputado por sucessivos governos.
O atual governo, fruto da aplicação de uma matriz de governação acentuadamente ideológica, está a levar esta rutura com os ideais de Abril ainda mais longe.
Demasiado longe e com demasiadas consequências económicas e sociais.
Quando aqui ou ali se ouve dizer "precisamos de outro Salazar", eu quero afirmar que não, disso já tivemos que chegue.
Precisamos é de "outro" 25 de Abril, seja em que data for, mas que consiga fazer deste País um território a sério, com preocupações reais pelas pessoas e onde seja possível olhar para o futuro e ter otimismo.
Precisamos que nos deixem acreditar que estas maldades que um Governo, por mais legitimo que seja ou que se sinta, vão ter um fim.
Espero e desejo uma saída rápida desta crise e sem grandes convulsões sociais, mas já não acredito nela.
Se os que podem mudar o rumo deste País não o fizerem muito rapidamente por vontade própria, acredito que vão ser obrigados a fazê-lo.
E depois as consequências são as que forem.
O 25 de Abril é uma data a que nunca se deveria voltar as costas.
Hoje e sempre, VIVA O 25 DE ABRIL!