terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O TAMANHO...

Depois de ver ontem à noite a Grande Reportagem da SIC sobre o Nanismo e de apreciar a dimensão humana de várias pessoas entrevistadas, lembrei-me de Fernando Pessoa quando escreve : " Eu sou do tamanho daquilo que vejo... e não do tamanho da minha altura."

Efectivamente, vivemos tempos em que ser diferente exige uma atitude hercúlea perante a vida.
Diferentes nas escolhas,
Diferentes nas atitudes,
Diferentes pelas formas de viver,
Diferentes por não negarmos as nossas convicções,
Diferentes na nascença,
Diferentes nas opções sexuais,
Diferentes na cor.
Diferentes!

Apesar da sociedade normativa em que vivemos, escapar à norma não pode ser considerado anormal, mas tão simplesmente diferente.
As normas também se validam pelas diferenças.

6 comentários:

  1. Amigos das açordas do Repas em Évora30 dezembro, 2009 22:31

    Já o tempo Se habitua
    A estar alerta
    Não há luz Que não resista
    À noite cega
    Já a rosa Perde o cheiro
    E a cor vermelha
    Cai a flor Da laranjeira
    À cova incerta

    Água mole Água bendita
    Fresca serra
    Lava a língua Lava a lama
    Lava a guerra
    Já o tempo Se acostuma
    À cova funda
    Já tem cama E sepultura
    Toda a terra

    Nem o voo Do milhano
    Ao vento leste
    Nem a rota Da gaivota
    Ao vento norte
    Nem toda A força do pano
    Todo o ano
    Quebra a proa Do mais forte
    Nem a morte

    Já o mundo Se não lembra
    De cantigas
    Tanta areia Suja tanta
    Erva daninha
    A nenhuma Porta aberta
    Chega a lua
    Cai a flor Da laranjeira
    À cova incerta

    Nem o voo Do milhano ...

    Entre as vilas E as muralhas
    Da moirama
    Sobre a espiga E sobre a palha
    Que derrama
    Sobre as ondas Sobre a praia
    Já o tempo
    Perde a fala E perde o riso
    Perde o amor

    Abraço Estevão
    Um teu grande amigo

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  2. Com um abraço do tamanho que eu próprio vejo:

    Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver o universo...
    Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
    Porque eu sou do tamanho do que vejo
    E não do tamanho da minha altura...

    Nas cidades a vida é mais pequena
    Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
    Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
    Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
    Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
    E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.

    (extracto de O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro)

    Forte Abraço
    João

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  3. Eu tambem fiz parte dessas açordas e ainda as guardo no meu "album" das boas recordações, do nosso tempo de estudantes.
    Um grande abraço Estevão
    Outro teu amigo

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  4. Tempos do tal texto: "...há dias no mar da berlengas...a nove braçadas de profundeza..." tenho que procurar o "papelinho", já não me lembro do resto
    Abraço

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  5. Com esta última, fiquei sem duvidas sobre a autenticidade do Grupo das Açordas do Repas, uma vez que apenas um grupo limitado "usava" a poesia. Eu também já só lá vou com recurso ao papelinho.
    Mesmo que a rapaziada por opção sua, queira continuar anónima, enviem-me um mail ou qualquer indicação adicional. Basta dizer que não querem publicação e assim será.
    Gostava de voltar a juntar todo o grupo, ou o grupo possivel. Abraço.

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  6. Amigo A. Repas Évora06 janeiro, 2010 17:30

    Era isso e a malta a "buer" Fedrisco e Poejo, grandes dias animados que a gente tinha, (quer dizer manhãs), e todos à espera que o tempo passásse à porta da Eborina a fumar umas cigarradas!
    Abraço

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