Depois de ver ontem à noite a Grande Reportagem da SIC sobre o Nanismo e de apreciar a dimensão humana de várias pessoas entrevistadas, lembrei-me de Fernando Pessoa quando escreve : " Eu sou do tamanho daquilo que vejo... e não do tamanho da minha altura."
Efectivamente, vivemos tempos em que ser diferente exige uma atitude hercúlea perante a vida.
Diferentes nas escolhas,
Diferentes nas atitudes,
Diferentes pelas formas de viver,
Diferentes por não negarmos as nossas convicções,
Diferentes na nascença,
Diferentes nas opções sexuais,
Diferentes na cor.
Diferentes!
Apesar da sociedade normativa em que vivemos, escapar à norma não pode ser considerado anormal, mas tão simplesmente diferente.
As normas também se validam pelas diferenças.
Já o tempo Se habitua
ResponderEliminarA estar alerta
Não há luz Que não resista
À noite cega
Já a rosa Perde o cheiro
E a cor vermelha
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta
Água mole Água bendita
Fresca serra
Lava a língua Lava a lama
Lava a guerra
Já o tempo Se acostuma
À cova funda
Já tem cama E sepultura
Toda a terra
Nem o voo Do milhano
Ao vento leste
Nem a rota Da gaivota
Ao vento norte
Nem toda A força do pano
Todo o ano
Quebra a proa Do mais forte
Nem a morte
Já o mundo Se não lembra
De cantigas
Tanta areia Suja tanta
Erva daninha
A nenhuma Porta aberta
Chega a lua
Cai a flor Da laranjeira
À cova incerta
Nem o voo Do milhano ...
Entre as vilas E as muralhas
Da moirama
Sobre a espiga E sobre a palha
Que derrama
Sobre as ondas Sobre a praia
Já o tempo
Perde a fala E perde o riso
Perde o amor
Abraço Estevão
Um teu grande amigo
Com um abraço do tamanho que eu próprio vejo:
ResponderEliminarDa minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver o universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
(extracto de O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro)
Forte Abraço
João
Eu tambem fiz parte dessas açordas e ainda as guardo no meu "album" das boas recordações, do nosso tempo de estudantes.
ResponderEliminarUm grande abraço Estevão
Outro teu amigo
Tempos do tal texto: "...há dias no mar da berlengas...a nove braçadas de profundeza..." tenho que procurar o "papelinho", já não me lembro do resto
ResponderEliminarAbraço
Com esta última, fiquei sem duvidas sobre a autenticidade do Grupo das Açordas do Repas, uma vez que apenas um grupo limitado "usava" a poesia. Eu também já só lá vou com recurso ao papelinho.
ResponderEliminarMesmo que a rapaziada por opção sua, queira continuar anónima, enviem-me um mail ou qualquer indicação adicional. Basta dizer que não querem publicação e assim será.
Gostava de voltar a juntar todo o grupo, ou o grupo possivel. Abraço.
Era isso e a malta a "buer" Fedrisco e Poejo, grandes dias animados que a gente tinha, (quer dizer manhãs), e todos à espera que o tempo passásse à porta da Eborina a fumar umas cigarradas!
ResponderEliminarAbraço